Alemanha x Argentina em finais: jogão com Maradona, joguinho em Copa 'magra'
A história desses dois confrontos inclusive marca uma mudança no perfil dos jogos decisivos de Copas. A partir de 1990, as partidas que decidem o campeão têm tido uma baixa média de gols (são apenas oito nas cinco últimas decisões).
"Pelo que as duas equipes apresentaram durante o campeonato, a Alemanha ganhou merecidamente. Agora, me pergunto: por que esse jogo não foi 5 a 4? Tinha de ganhar em um pênalti que a gente acha duvidoso? Imagina esse povo comemorando por todo o jogo?", disse Pelé, então comentarista da TV Globo, assim que terminou a final de 1990.
"A Argentina jogou um futebol que eu chamo de antifutebol. Porque não sai para jogar", completou Pelé.
Já a Alemanha até contribuiu para que a média de gols do Mundial não fosse ainda menor. Marcou 15 em todo o torneio, inclusive goleando Iugoslávia (4 a 1) e Emirados Árabes (5 a 1) na primeira fase. Na final, Brehme venceu Goycochea na cobrança de pênalti aos 40 do segundo tempo e garantiu o tricampeonato.
"A Argentina foi garra, luta, suor, sangue e lágrimas, por ter um time fraco que chegou pela força interior. A Alemanha foi alegria, futebol ofensivo, gols. Buscou a vitória em todas as partidas", completou o narrador da TV Globo na transmissão, Galvão Bueno, lembrando ainda que Diego Maradona, mesmo que tivesse sido competitivo como sempre, não esteve nas melhores condições físicas.
1986
Comparando com 1990, a Copa de 1986 teve indiscutivelmente mais momentos para a história dos Mundiais. No livro "Os 50 maiores jogos das Copas do Mundo", do jornalista da ESPN e Folha de S. Paulo, Paulo Vinicius Coelho, estão quatro jogos deste torneio, contra apenas dois de 90.O mais óbvio deles é Argentina 2 x 1 Inglaterra, quando Maradona marcou num intervalo de quatro minutos dois dos gols mais conhecidos do esporte: um tocando com a mão para vencer o goleiro inglês e marcar o famoso gol "La Mano de Dios" e outro driblando meio time, desde o meio-campo, e fazendo o chamado "Gol do Século".
A Copa ainda seria marcada pela seleção da Dinamarca que encantou o mundo ao fazer 6 a 1 no Uruguai com o time que ficou conhecido como "Dinamáquina" e depois cair por 5 a 1 para a Espanha; e pelo histórico confronto, decidido nos pênaltis, entre o Brasil de Telê Santana, Sócrates e Zico e a França de Platini - a maior geração francesa até então levou a melhor.
A decisão no Estádio Azteca não decepcionou a torcida. Assim como a final no mesmo local em 1970, o jogo final voltou a ter mais de 100 mil torcedores e cinco gols marcados.
A Argentina abriu o placar com Brown, de cabeça, após falha do goleiro Schumacher na saída do gol. No segundo tempo, Valdano recebeu, invadiu a área, e fez o segundo. "Eu me lembro de olhar para a arquibancada dizendo para mim mesmo: 'Somos campeões do mundo'. Mas é claro, eu tinha me esquecido de um pequeno detalhe: na nossa frente estava a Alemanha, e a Alemanha nunca morre", recordou Valdano ao site da Fifa.
A Alemanha usou bem a jogada aérea e chegou ao empate em duas bolas alçadas na área, com Rummenigge e Rudi Voller - esse último já aos 36 minutos.
Pouco depois, aos 39, Burruchaga tocou na saída do goleiro para garantir o 3 a 2 e a taça para a Argentina. Maradona, que deu a assistência do gol do título, ainda arrancou com perigo, sofreu falta e quase ampliou na cobrança.
Retrospecto
Além das duas finais citadas, Alemanha e Argentina se encontraram em outras quatro oportunidades em Copas do Mundo.Em 2010, na África do Sul, a Alemanha atropelou o time argentino e venceu por 4 a 0, avançando às semifinais. Em 2006, na mesma fase, novamente deu Alemanha, mas desta vez nos pênaltis após empate no tempo normal e na prorrogação por 1 a 1.
Antes, em 1966, Alemanha e Argentina não saíram de um empate sem gols pela fase de grupos. Já o primeiro jogo entre ambos aconteceu no torneio de 1958, com vitória alemã por 3 a 1 na primeira fase.
Referência: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/07/140711_wc2014_alemanha_argentina_retrospecto.shtml